"A expectativa da multidão era grande, pois os membros da realeza britânica passariam, em suas belas carruagens, por uma avenida próxima da Abadia de Westminster, no centro de Londres. Eu caminhava, casualmente, por perto, depois de uma visita ao Museu Britânico, e me coloquei no lugar mais estratégico possível. Crianças, jovens e idosos - todos olhavam para a mesma direção, aguardando a comitiva real.
Enquanto isso, os guardas e policiais me atraiam a atenção. Todos, de costas para a avenida, olhavam atentamente para as pessoas expectantes. Os olhos deles nem piscavam. E pensei:
Será que eles não vão dar uma olhadinha quando a Rainha Elisabeth II, o Príncipe Charles e a Princesa Diana passarem? Finalmente, o desfile começou. Ouviram-se aplausos, suspiros e vivas. Vi os ilustres personagens em seus trajes de gala, mas os guardas e os policiais não passaram despercebidos:
continuavam olhando fixamente para a multidão. A comitiva real passou e eles não viram a cor do vestido da rainha...
Em algumas de nossas igrejas (felizmente, são poucas), há pessoas que se comportam como guardas ou policiais. São 'adoradores burocratas'. Preocupam-se farisaicamente com o horário das reuniões, com a linguagem dos participantes, com o tipo de música, com a roupa das pessoas, com os defeitos dos outros e com a postura dos componentes da plataforma. Olham somente para o lado. Por isso, não vêem passa a 'carruagem' das bênçãos divinas.
Diz a bíblia: 'Guarda o teu pé, quando entrares na Casa de Deus; chegar-se para ouvir é melhor do que oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal.' (Ec 5:1) Esse verso é completo, mas poderia ser decodificado assim: 'Guarda teu pé, atua língua e o teus olhos quando entrares na igreja.' Há pessoas que vão à igreja somente para fiscalizar. São defensores da
ordem pela ordem. Não defendem a ordem com o propósito de exaltar o nome de Deus.
O leque de atitudes fiscalizadoras é grande, mas poderíamos mencionar algumas: olhar para a roupa dos outros e não se preocupar com as vestes de justiça de Cristo; incomodar-se com o choro de uma criança e não entender as lutas de uma mãe exausta; criticar o fato de alguns membros chegarem tarde à reunião e não estar atento à mensagem que está sendo apresentada; pensar ou falar mal de alguém sem admitir os próprios erros; ficar mais preocupado com pernas cruzadas na plataforma do que com a mensagem da cruz; formar grupinhos nos corredores da igreja e não se unir aos irmãos na busca de uma vida de humildade."
[...]
Rubens Lessa (rubens.lessa@cpb.com.br)
Infelizmente esse é um problema enfrentado pela igreja hoje. Será que eu vou à igreja para realmente adorar a Deus ou, vou apenas para procurar defeitos nos outros e criticar?
"Conversas vulgares, cochichos e risos, não devem ser permitidos na igreja, nem antes nem depois das reuniões. Ardente e profunda piedade deve caracterizar os adoradores."(
Ellen White, Testemunhos para a Igreja, vol.5, pág 492). Isso não quer dizer que Deus quer que sejamos "robôs adoradores" que entram e saem da igreja sem sentir nenhuma emoção. Deus quer que você se sinta bem em sua Santa Casa e que a igreja seja um lugar aconchegante onde sua alma encontre refúgio.
Pense em como é sua adoração. Lembre-se que, para Deus, o que importa é que tudo venha de dentro do seu coração.
Até mais.
